quinta-feira, 29 de setembro de 2011

AS SEM RAZÕES DO AMOR








Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

IMPURO AMOR



Vejo cintilar o amor
Que num enlace proibido
Desconsola minha dor

Impulsivo amor amante
Que fez de mim joguete
De uma aventura marcante

Desamor em mim não falta
Desalentado é só o momento
Vou desvestir minha alma
Vou expulsar o sofrimento

Por mais distante uma realidade
O fascínio que restava
Esvaiu-se na vasta cavidade
Do flagrante que lhe acompanhava


O amor é mau e impiedoso
Farsista, maioral, poderoso
Este amor não tem jeito
Preciso amar a mim com todo respeito

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

INCERTEZAS



Coração bate languido
Ausência inesperada nesses dias gris
Amor recôndito exaurido

Faiscar dos olhos a felicidade
Predestinada à liberdade insana
Redescobrir a mocidade
Êxtase total na cama

Incertezas e adrenalina
Universo de solidão
Brincadeira de menina
Em busca de outra paixão

Lágrimas brancas do ipê florido
Sorriso rasgado à beira mar
Amor conspurcado proibido