domingo, 5 de junho de 2011

O MEU AMOR



Não queira excomungar
O meu jeito devasso motivado pela concupiscência
Causa em mim o incomensurável modo de amar
De forma a decuplicar toda a imprudência!

Essa estranha desfaçatez
Causadora de infinita desilusão
Estabelece a diferença do amor que outra vez
Vaga de mãos dadas com a solidão!

Tempestuoso amante desinfeliz!
Sagitariano condenado a serpear como a serpente
Surpreendente como o desabrochar da flor de lis!

Aceito o amor proposto
Não há sombras entre as estrelas
Perdoe-me o desgosto, quero amá-la a vida inteira!

CICATRIZES



Declaro que fui senhor e possuidor de um escravo
De nome José Crioulo
Negro forte e valente como touro bravo
Valeu cada grama de ouro!

A sua força eu soube explorar
Até não mais aguentar
E num canto da senzala a implorar
A todos os santos para a vida lhe tirar!

Homem-coisa é o que foi!
Objeto de troca do homem branco
Açoitado vezes ao dia no maldito tronco
Confinado como se fosse boi!

Vendido por alguns contos de reis
Mercadoria nobre dos coronéis
Décadas de sofrimento
A lei Aurea pôs fim nesse tormento!

Cicatrizes marcadas no corpo viril
Assim era a vida do negro no Brasil!

DEPOIS DO CAOS



Ondas sísmicas do mar
Mares de gente!
Mares de carros!
Mares de sonhos acabados!
De barcos naufragados!

Tsunami de lagrimas no frio
Momento triste que dá arrepio!
Mãos dadas e vênia aos que se foram
Nações amigas também choram!

A esperança de mais uma vez recomeçar
Por um momento o mundo só tem um lado
Quem destruiu no passado
Agora quer ajudar!

Olhos voltados para um povo sofredor
Que dos escombros da dor
Ainda há esperança
Honra e amor!

Pode chorar
Quero ver o verde do mar
No brilho do seu olhar
Depois que o caos acabar!